Livros vs Filme: Comer Rezar Amar

 

   Elizabeth Gilbert narra brilhantemente suas aventuras em uma viagem de três paradas em busca da realização pessoal. Após um divórcio ruim, um namoro conturbado engatado logo após e muita infelicidade em todo o processo, ela decide visitar a Itália, a Índia e a Indonésia em uma jornada de um ano em busca de si mesma e dos prazeres que pode alcançar, mundanos ou espirituais. Na primeira parada ela exercita o comer. Na segunda, se instalam em um Ashram, e exercita o rezar com meditações e cânticos típicos da região. Na terceira, ela vai em busca de um amigo xamã, que anteriormente lhe havia feito uma profecia. Nessa última etapa, ela vê que o que lhe fora destinado havia se cumprido, mas o que ela não esperava era a surpresa de um novo amor e a chance de recomeçar.    

     Liz é uma moça simples e simpática, e tem uma característica peculiar em si: sofre demais. Mas a jornada a torna alguém mais leve e feliz. Julia Roberts, atriz que dá a vida a Liz na telona, incorpora bem a personagem, e lhe dá uma identidade especial. As diferenças vistas entre filme e livro se dão principalmente pela adaptação aos formatos (o livro é bastante extenso e detalhado, o que tornaria um filme fiel a ele possivelmente entediante) e pela formatação de personagens. 

   Julia faz uma Liz mais contida, mesmo nas cenas em que ela se emociona profundamente. Isso dá mais créditos à credibilidade, já que é mais fácil compreender como uma pessoa que contém os sentimentos acaba por sofrer mais. O brasileiro Felipe, por quem se apaixona no final, é interpretado por Javier Bardem, que dá um charme a mais a toda a dramatização. No livro, Felipe é bastante confiante e galã. Mas Javier dá vida a um homem que apesar de vivido, ainda é bastante inseguro. O que sobra é um casal danificado pelas experiências amorosas anteriores, diferente do livro, em que ele serve de apoio e fonte de encorajamento para ela. Também são feitas modificações interessantes no aspecto cultural. O filme não mostra plenamente os aspectos de tradição patriarcal existentes em Bali e na Indonésia, enquanto Elizabeth os narra com precisão. Essa decisão, acredito, foi tomada em respeito às diferentes culturas e seu modo de percepção do mundo.